Sempre estarei buscando os meus sonhos

12 julho, 2011

Fateness

O tempo se esvai como um punhado de areia entre seus dedos.

Tantas coisas acontecem, mudam, implicam e se transformam sem que você possa se dar conta de como ocorrem.

A sinfonia invade o salão, marionetes dançam como silhuetas; talvez sombras de uma mera pessoa é a marionete de uma silhueta.

O salão está sempre aberto, e você repentinamente descobre-se o senhor de sua alma, o capitão de seu destino.

Veste sua coroa, criados que o amam colocam sua manta, sua espada está apegada ao seu corpo, seu cetro lhe é concedido. Você possui o poder para mudar e realizar o que quiser no mundo, mas o que querer?

Mais e mais dança, transeuntes deliciam-se com o vinho sob o balcão. O toque gentil dos lábios em seus mamilos, a unha que rasga os poros de sua pele, os corpos que se preenchem junto a música. Sopros procuram respiração, assim como um corpo busca outro, para poder sobreviver. Gemidos invadem o palácio, e a orgia sangrenta pode ser a alucinação de um pobre garoto em seu quarto, perdido entre seus passos-sonhos.

E as lembranças? Memórias de lágrimas que se esvão, derramando-se sobre o carpete como o sangue colore o punhal.

Se há no sangue, a vida, haveria nas lágrimas os pensamentos?

Cristalizações de um sal árabe ainda não descoberto.

Por mais profundo que seja, tudo é abstrato, tudo é surreal. A linguagem das imagens é a linguagem da mente.

A pena perde sua tinta com carvão, a gaivota procura sol em meio a névoa. A garota seduz com couro, mas com trapos encontra-se suicidada. Suicidou-se a si mesma, dizem os jornais. Era uma tarde orgulhosa, não há dúvidas.

Porém, não são os atos que moldam o amor. É o amor que faz os atos. Passamos pela vida entre milhares de pessoas, sem nenhuma delas tocar em nós, sem nenhuma delas fazer diferença. Até que um dia você encontra alguém, e esse alguém transforma sua vida: para sempre.

Por que as pessoas não encontram alguém? Como poderia um gato encontrar o ruído de seus passos? Como poderia a montanha alcançar sua raíz? Como poderiam os loucos serem dignos da realidade? Como alguém busca algo sem conhecer a si próprio?
Cães farejam os cadáveres, cadáveres de uma noite. Uma noite de orgia sangrenta.

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